sábado, 18 de junho de 2011

Carne nova para canhão...

É o que o novo governo poderá vir a ser...Porquê? Porque é um governo que vai ter que implementar as medidas troikanas e tais medidas não vão agradar a muita gente...

No entanto, existe uma certa possibilidade de conseguirem escapar à antiquada arma de fogo. Pedro Passos Coelho apostou em 4 características para o seu executivo:
  1. Cortes nos ministérios e secretarias-de-estado, pois reduziu os 16 ministros de Sócrates a 11;
  2. Juventude, dado que este é um dos governos mais jovens, tendo uma média de 47 anos, sendo Aguair Branco o mais velho com 54 anos, todos os outros abaixo dos 50 e 3 ou 4 ministros abaixo dos 40;
  3. Conhecimento técnico, pois, apesar de alguma inexperiência executiva, os ministros possuem enormes capacidades técnicas;
  4. Formação em Economia/Direito, dado que dos 14 nomes conhecidos (11 ministros e 3 Secretários-de-estado), 13 possuem ligações formativas (licenciatura, pós-graduação e/ou doutoramento) em áreas de Economia ou Direito.
Vamos conhecer, então, o executivo:

Pedro Passos Coelho
Líder do PSD, ganhou as eleições legislativas, sendo eleito Primeiro-Ministro. Assume uma coligação com o CDS-PP de Paulo Portas e esperava-se um governo diferente do normal. Há quem acredite que respondeu às expectativas. Polémico por nunca ter trabalhado na vida, tendo exercido papel de administrador em empresas de amigos da família, e por ter tido berço de ouro. Reza-se que a sua falta de experiência no mundo do trabalho não seja visível durante o seu mandato.

Vítor Gaspar
Não sendo a primeira escolha para a pasta, aceitou ser Ministro das Finanças e um dos Ministros de Estado. Licenciado e doutorado em Economia, era, até agora, chefe do Gabinete de Consultores políticos do presidente da Comissão Europeia (BEPA). Foi director-geral de investigação do Banco Central Europeu e conselheiro no Banco de Portugal. Tem uma estreita e boa relação com os membros da Troika, portanto pode vir a ser uma boa ajuda.

Paulo Portas
Escolha obrigatória pois Pedro Passos Coelho precisa duma maioria absoluta para a implementação das medidas troikanas, pode vir a tornar-se um bom ministro, dado que conseguiu, finalmente, arrecadar a pasta dos Negócios Estrangeiros. Colaboradores próximos atribuem-lhe uma habilidade diplomática, tendo como prova a recente plena reintegração do CDS-PP no grupo parlamentar do Partido Popular Europeu (expulso graças a um ex-líder do CDS, Manuel Monteiro, há alguns anos). Como todos sabem, Paulo Portas tem um bom paleio e gosta de lamber botas e consegue fazê-lo em francês, inglês, espanhol e italiano. Portanto, até pode ser uma boa escolha. O líder do CDS-PP tinha que ser o nº2 do Governo, portanto além dos Negócios Estrangeiros, acumula também a pasta do Estado. No entanto, Pedro Passos Coelho não foi burro e Portas será vigiado por Vítor Gaspar, o outro Ministro do Estado. Os testes psicotécnicos apontaram-lhe habilidades em jornalismo, direito, política e padre. Só lhe falta ser um.

José Pedro Aguiar Branco
Um dos mais mexidos militantes social-democrata, tendo colhido uma série de cargos influentes no partido, entre eles a liderança do grupo parlamentar entre 2009 e 2010, arrecada o papel de Ministro da Defesa Nacional. Foi presidente da Assembleia Municipal do Porto, deputado da AR e fundador da conceituada sociedade de advogados José Pedro Aguiar Branco & Associados. Foi Ministro da Justiça no Governo breve de Santana Lopes.

Miguel Macedo
A voz da experiência, tendo feito parte de 3 Governos como secretário de estado (Cavaco, Durão Barroso e Santa Lopes). Um outro militante social-democrata que é prata da casa, assume a pasta da Defesa Nacional, o que pode lhe cair como uma luva pois é um homem que impõe respeito da mesma forma que um Sargento e possui a mesma personalidade que este, difícil. Era, até agora, o Líder Parlamentar do PSD, que, ironicamente, vai ter que implementar medidas troikanas piores que o PEC de Sócrates que chumbou.

Paula Teixeira
Uma das duas mulheres do Governo, é a actual Vice-Presidente do PSD e foi Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa e é outra militante muito mexida dentro do partido, tendo exercido variados cargos partidários. Assume a pasta da Justiça, área em que possui uma vasta experiência, pois foi membro do Conselho Superior do Ministério Público (1999 a 2003), do Conselho Geral da Ordem dos Advogados (Janeiro de 2002 a Dezembro de 2004), do Conselho Superior de Magistratura (Abril de 2003 a Janeiro de 2005); Membro da APDE - Associação Portuguesa de Direito Europeu e da APD - Associação para o Progresso do Direito. Uma prova bem explícita das capacidades técnicas que o Pedro Passos Coelho procurou nas suas escolhas.

Miguel Relvas
Braço direito e amigo de longa data de Pedro Passos Coelho, assume um papel de peso, ficará com os Assuntos Parlamentares, a coordenação política do Governo e a difícil tarefa de fazer funcionar a coligação de direita na Assembleia da República. Secretário-Geral do PSD entre 2004 e 2005 e desde 2010 ao lado de Pedro Passos Coelho. É a 2ª vez que entra num executivo, tendo sido secretário-de-estado da Administração Local de Durão Barroso. Assume-se com um gestor de profissão, tendo presença activa em empresas como: Sociedade Barrocas, Sarmento e Neves, Roff, Consultor da GIBB, corrector da Euromedics e administrador executivo da Fineterc.

Álvaro Santos Pereira
É docente na Simon Fraser University, em Vancouver, no Canadá, e a escolha de Pedro Passos Coelho para a pasta da Economia e Obras Públicas. Este economista, que se licenciou pela Universidade de Coimbra, é colunista regular em várias publicações e tem diversos livros editados. Atento à actualidade económica nacional, há um mês, em entrevista ao TVI24, deixou claro o que pensa da dívida, de uma eventual reestruturação e qual a percentagem de redução da Taxa Social Única.

Assunção Cristas
A "pirralha" do governo, aos 36 anos assume o papel pesado de Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território. Já foi directora Gabinete de Política Legislativa e Planeamento do Ministério da Justiça (actual Direcção-Geral de Política da Justiça) no governo de Durão Barroso. Foi uma das figuras mediáticas durante o referendo do Aborto, estando do lado do Diz que Não e tornou-se uma das figuras mais importantes do CDS-PP. É uma estrela em ascensão e espera-se um bom trabalho e uma visão mais moderna no seu cargo.

Paulo Macedo
Um fiscal de profissão, arrecada o Ministério da Saúde. Tem uma longa história do BCP, tendo sido director de marketing estratégico, da secção comercial de cartões de crédito, da rede de comércios e empresários e do gabinete do euro do centro cooperativo. foi administrador do Comercial Leasing, Interbanco e da Médis. Foi director-geral do BCP em 2007. É o vice-presidente do conselho de administração de várias empresas do grupo BCP, desde a fundação do grupo à Millenium BCP Ageas, Médis, Ocidental e Pensões Gere. Durante 2004 e 2007 trabalhou na Caixa Geral de Depósitos, tendo sido considerado um dos principais responsáveis pela modernização e informatização da máquina fiscal do banco. Durante 3 anos fez um intervalo na sua carreira bancária para assumir o papel de Directo-Geral dos Impostos, sob a alçada da Ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite.

Nuno Crato
Um homem da ciência com formação em Economia, é um dos nomes mais bem recebidos ao assumir o papel de Ministro da Educação, Ensino Superior e Ciência. É bem recebido na Educação e Ensino Superior pois era até agora professor catedrático e o Pró-Reitor da Universidade Nova de Lisboa, com uma mentalidade que dá muita importância à formação correcta e rentável dos portugueses. É bem recebido na Ciência pois possui mestrado em Métodos Matemáticos para Gestão de empresas e Doutoramento em Matemática Aplicada, tendo recebido, em 2008, um prémio da União Europeia de comunicador cientifico do ano. Juntando a Licenciatura em Economia, possui capacidades de gestão e pedagogia e experiência em gestão e docência no Ensino Superior e uma personalidade cientifica. É, portanto, considerado mais que indicado para este papel governamental.

Mota Soares
Produto das "camadas jovens" do CDS, assume a liderança do Ministério da Solidariedade e Segurança Social. Um advogado de formação, com apenas 37 anos, já possui 10 anos de experiência como deputado, foi secretário-geral do CDS-PP, líder parlamentar do mesmo partido e teve a audácia (eu só por isto, acho o homem um King!!) de aparecer na sede social-democrata, durante as negociações coligativas, de Vespa.

Por fim, uma das grandes polémicas é a despromoção do Ministério da Cultura a Secretaria-de-Estado, sendo o líder desta secretaria-de-estado, que ficará sob alçada do Primeiro-Ministro, o Francisco José Viegas, homem das letras e formado em Estudos Portugueses, a quem se espera que não deixe que aconteça o que aconteceu da última vez que a Cultura ficou sob alçada do PM, ou seja, fique esquecida.

O que acham deste executivo? Digam de vossa justiça...

Espero que tenham gostado. Se não, já sabem o que fazer...

Saudações,
Nando Pina